9.21.2011

Entrevistadas à porta do colégio

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Colégio Valsassina

 

Ainda se lembram do teorema de Pitágoras?

 

Passa pouco das 8h30m da manhã e na aula de matemática de uma das turmas do 11.º do colégio Valsassina, em Lisboa, já se recorda o teorema de Pitágoras e conceitos de trignometria tão distantes (para nós, claro) como senos e tangentes. Luís Sá Couto, 16 anos, já estava à espera da dose e tem bem definida na cabeça a razão pela qual continua no colégio onde chegou aos três anos. "Lá fora sei que ia ter mais pessoas e mais realidades. Aqui é sempre exigente, um ambiente certo. É jogar pelo seguro." 
O colégio na quinta das Teresinhas vai nos 113 anos mas mudou-se para aqui em 1959. É dos únicos familiares e laicos a manter-se em Lisboa, ao lado do Moderno. São ao todo 1240 alunos, diz João Valsassina, director pedagógico. Apesar da crise, só houve uma quebra de 1% em relação a 2010. "Mesmo em casos em que surjam dificuldades a meio do ano, nenhum aluno sai do colégio por razões financeiras." O pai Centeno, com três rapazes de sete, dez e 15 anos, admite que a factura ainda é grande, mas é pela educação dos filhos que começa a construir o orçamento familiar. Qualidade e segurança são outros argumentos usados pelos pais que apanhamos no primeiro dia. "Acaba por ser uma realidade com que nos identificamos mais", acrescenta a mãe de Matilde, que entrou para o 1.º ano. Um terço dos alunos chega ao colégio porque os pais lá andaram e a maioria completa os 12 anos. Ao currículo nacional juntam-se aulas de espanhol, inglês a partir da pré-primária e um programa ecológico – é uma das 1500 escolas com bandeira-verde. Para melhorar, defende Valsassina, o ideal seria mais autonomia. "A agitação na educação é má para todos. Deveria ser uma área de maior concertação. Não podemos todos os anos à espera de novas reformas."
No 9.º ano, alguns alunos acabam por sair. Lua Carreira, de 14 anos, vê no colégio uma segunda casa – chegou com quatro anos e a maioria da turma mantém. Para o ano, se for em frente com o sonho de ser bailarina, terá de sair. João Granate também já se decidiu. O colégio foi "uma plataforma para o futuro", resume. Bárbara Castro quer ficar. "Quando falo com os amigos lá fora, nos escuteiros, tenho ideia de que aqui é mais exigente." Resta falar de dois professores para quem segunda-feira também o primeiro dia de aulas. Raul Carrasco, 31 anos, veio de Espanha no Verão para se ambientar ao português na perspectiva de um doutoramento. Arranjou colocação no colégio dia 1. "Dizem-me que tive muita sorte." Marta Nunes, 33 anos e até aqui no ensino público, sorri com a constatação. Estava a dar aulas num programa de ensino à distância para alunos itinerantes, uma realidade incomparável. "Aqui é um ambiente mais familiar, mais protegido, socialmente acima da média." Vai usar a experiência como motivação? "Sei que vou fazer a comparação internamente, mas não sei se fará sentido exteriorizar." 


in http://www.ionline.pt/mobile/149770-mais-15-milhoes-criancas-regressaram-esta-s-aulas



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