;-)
Visto no I, escrito pelo Pedro Boucherie Mendes
Não o sendo, acabo por ser mais ou menos o chefe do Jel. É por mim que passa a aprovação e o pagamento dos programas que ele tem feito na SIC Radical. E quero-vos falar desse Jel.
Não esperava que eles vencessem o Festival da Canção. Mas foi o que aconteceu. Ainda bem. Espero genuinamente que a geração com nome de empregada doméstica se inspire nestes Homens da Luta. Não pelo ruído que fazem, mas por coisas que eu cá sei e que tenho todo o gosto em partilhar convosco.
O Jel não é doido. É dos melhores profissionais que conheci. É empreendedor. Arrisca. Atravessa-se. Diz que faz, e faz. Há uns meses disse-me que ia à China encomendar uns milhares de leitores de MP3 para vender com o seu novo álbum. E foi. E vendeu--os todos. Não ficou à espera de subsídios, apoios, marcas que o patrocinassem. Foi lá com o livro de cheques dele sem dar cavaco a ninguém. Se isto não é um homem livre não sei o que será.
Há uns quase três anos disse--me que ia para a América fazer um programa. Eu mal levantei o olhar do teclado. Achei, claro, que não ia. A proposta era doida. Tratava-se de viver nos EUA e filmar lá o programa todo. Disse-lhe que lhe pagaria o mesmo que lhe pagava pelos programas que ele fazia por cá. Fui snob porque achei que ele não iria. E ele disse que sim, e foi. Não fez choradinho nem apelou a coisa nenhuma. Levantou-se e foi-se embora com um até logo. Deu cabo das finanças e foi para os EUA fazer um programa de televisão com a meia dúzia de tostões que eu lhe dei. O programa foi um fracasso de audiências, apesar de, por exemplo, o seu irmão Falâncio ter apertado a mão a Obama. Sim esse mesmo Obama que os jornalistas portugueses idolatram. Na altura ocorreu-me que se fosse um humorista turco a fazê-lo aí, sim, seria notícia nos nossos telejornais. Por alguma razão misteriosa a circunstância de um humorista português ter ido aos EUA e ter feito uma manifestação num comício de Obama, tendo inclusivamente chegado a apertar-lhe a mão, não mereceu reacção dos jornalistas portugueses. Ou dos portugueses. Se Jel tivesse ido a uma festa qualquer para lhe darem um telemóvel ou uma máquina Nespresso, talvez aí tivesse cobertura. O jornalismo português é, para mim, o maior mistério da humanidade.
Nesta coisa do festival, ele disse-me que ia e que queria ganhar. Ou seja, ele não foi lá para se divertir. Foi lá para vencer. O Jel não é um deolinda. Não é parvo, não é um estroina nem um chupista. Nem se deixa abater pela triste realidade. Pelo contrário. Ele fabrica a sua própria realidade. É um tipo de uma inteligência extremamente aguçada e com um sentido crítico muito desenvolvido. É um empresário. É um profissional. Além de ser competente e boa pessoa.
Este homem que luta por aquilo que quer ganhou o festival e, creio, não se importa que toda e qualquer malta se pendure nele e na canção, do líder da CGTP a outro político qualquer. O que ele quer é fazer com que as pessoas pensem. Com que Portugal melhore. Que as pessoas abram os olhos também sobre elas próprias. E que, digo eu, façam como ele e arregacem as mangas.
Director da SIC Radical
Não esperava que eles vencessem o Festival da Canção. Mas foi o que aconteceu. Ainda bem. Espero genuinamente que a geração com nome de empregada doméstica se inspire nestes Homens da Luta. Não pelo ruído que fazem, mas por coisas que eu cá sei e que tenho todo o gosto em partilhar convosco.
O Jel não é doido. É dos melhores profissionais que conheci. É empreendedor. Arrisca. Atravessa-se. Diz que faz, e faz. Há uns meses disse-me que ia à China encomendar uns milhares de leitores de MP3 para vender com o seu novo álbum. E foi. E vendeu--os todos. Não ficou à espera de subsídios, apoios, marcas que o patrocinassem. Foi lá com o livro de cheques dele sem dar cavaco a ninguém. Se isto não é um homem livre não sei o que será.
Há uns quase três anos disse--me que ia para a América fazer um programa. Eu mal levantei o olhar do teclado. Achei, claro, que não ia. A proposta era doida. Tratava-se de viver nos EUA e filmar lá o programa todo. Disse-lhe que lhe pagaria o mesmo que lhe pagava pelos programas que ele fazia por cá. Fui snob porque achei que ele não iria. E ele disse que sim, e foi. Não fez choradinho nem apelou a coisa nenhuma. Levantou-se e foi-se embora com um até logo. Deu cabo das finanças e foi para os EUA fazer um programa de televisão com a meia dúzia de tostões que eu lhe dei. O programa foi um fracasso de audiências, apesar de, por exemplo, o seu irmão Falâncio ter apertado a mão a Obama. Sim esse mesmo Obama que os jornalistas portugueses idolatram. Na altura ocorreu-me que se fosse um humorista turco a fazê-lo aí, sim, seria notícia nos nossos telejornais. Por alguma razão misteriosa a circunstância de um humorista português ter ido aos EUA e ter feito uma manifestação num comício de Obama, tendo inclusivamente chegado a apertar-lhe a mão, não mereceu reacção dos jornalistas portugueses. Ou dos portugueses. Se Jel tivesse ido a uma festa qualquer para lhe darem um telemóvel ou uma máquina Nespresso, talvez aí tivesse cobertura. O jornalismo português é, para mim, o maior mistério da humanidade.
Nesta coisa do festival, ele disse-me que ia e que queria ganhar. Ou seja, ele não foi lá para se divertir. Foi lá para vencer. O Jel não é um deolinda. Não é parvo, não é um estroina nem um chupista. Nem se deixa abater pela triste realidade. Pelo contrário. Ele fabrica a sua própria realidade. É um tipo de uma inteligência extremamente aguçada e com um sentido crítico muito desenvolvido. É um empresário. É um profissional. Além de ser competente e boa pessoa.
Este homem que luta por aquilo que quer ganhou o festival e, creio, não se importa que toda e qualquer malta se pendure nele e na canção, do líder da CGTP a outro político qualquer. O que ele quer é fazer com que as pessoas pensem. Com que Portugal melhore. Que as pessoas abram os olhos também sobre elas próprias. E que, digo eu, façam como ele e arregacem as mangas.
Director da SIC Radical
(pena não podermos votar em Portugal no Festival da Eurovisão)
Sem comentários:
Enviar um comentário